A Profecia das Sombras Capítulo 5 - Que tal uma história?
Baca A Profecia das Sombras Capítulo 5 - Que tal uma história?
Baca Komik A Profecia das Sombras Capítulo 5 - Que tal uma história? bahasa Indonesia lengkap dan baru di KellzFiramá Livros. Kami menyediakan Komik, Manhua, Manhwa, dan Novel yang dapat kalian baca online gratis.
Read A Profecia das Sombras Capítulo 5 - Que tal uma história?
Que tal uma história?
Hmmm... Acho que vou desmaiar
Que visão do inferno!
AQUELA ERA A DICA para Leo se sentar aos meus pés e ouvir, absorto, a história que eu ia contar.
Mas ele só apontou vagamente para a oficina.
— Ah, tudo bem. Vou dar uma olhada na forja.
E me deixou sozinho. Esses
semideuses de hoje, francamente... Culpo as redes sociais por essa
dificuldade de concentração. Quando não se pode nem tirar um tempinho
para ouvir um deus tagarelar, o mundo está perdido mesmo.
Infelizmente, a história insistia em
ser lembrada. Vozes, rostos e emoções de três mil anos antes encheram
minha mente, tomando controle dos meus sentidos com tanta força que eu
quase desmoronei.
Ao longo das últimas semanas,
durante nossa viagem para o Oeste, essas visões vinham acontecendo com
uma frequência alarmante. Talvez fossem resultado dos meus neurônios
humanos falhos tentando processar lembranças divinas. Talvez Zeus
estivesse me punindo com flashbacks vívidos de meus fracassos mais
espetaculares. Ou talvez meu tempo como mortal estivesse simplesmente me
enlouquecendo. Fosse qual fosse o caso, mal consegui chegar ao sofá
mais próximo antes de desabar.
Estava levemente ciente de Leo e
Josephine na estação de solda, Josephine com roupa de soldadora e Leo de
cueca, conversando sobre o projeto em que ela estava trabalhando. Eles
não pareceram notar minha consternação.
De repente, as lembranças me engoliram.
Eu me vi pairando acima do
Mediterrâneo Antigo. A água azul cintilante se estendia até o horizonte.
Um vento quente e salgado me carregava. Os penhascos brancos de Naxos
se erguiam nas ondas como a boca escancarada de uma baleia.
A uns trezentos metros dali, duas
adolescentes tentavam salvar suas vidas, correndo na direção da beirada
do penhasco, fugindo de uma multidão armada que vinha logo atrás. Os
vestidos brancos das garotas tremulavam, e os cabelos compridos e
escuros voavam ao vento. Apesar dos pés descalços, o terreno rochoso não
as fez desacelerar. Bronzeadas e pequenas, elas estavam acostumadas a
correr ao ar livre, embora estivessem se encaminhando para um beco sem
saída.
À frente da horda, um homem
corpulento de vestes vermelhas gritava e balançava a alça de um jarro de
cerâmica quebrado. Uma coroa dourada brilhava na cabeça dele, e vinho
seco tingia sua barba grisalha.
O nome dele me ocorreu: Estáfilo,
rei de Naxos. Semideus filho de Dioniso, Estáfilo herdou os piores
traços do pai e nada da tranquilidade festeira. Agora, em uma fúria
bêbada, ele gritava alguma coisa sobre as filhas terem quebrado sua
melhor ânfora de vinho, e por isso, naturalmente, elas tinham que
morrer.
— Vou matar vocês duas! — gritou ele. — Vou partir vocês em pedacinhos!
Olha... se as garotas tivessem
quebrado um violino Stradivarius ou uma gaita banhada a ouro, eu talvez
entendesse a fúria. Mas um jarro de vinho?
As garotas continuaram correndo, implorando pela ajuda dos deuses.
Normalmente, esse tipo de coisa não
seria problema meu. As pessoas gritavam pela ajuda dos deuses o tempo
todo. Quase nunca ofereciam nada interessante em troca. Eu provavelmente
só ficaria olhando a cena pensando Ah, caramba, que pena. Ai. Deve ter doído! e depois seguiria com minha vida divina.
Mas, naquele dia em particular, eu
não estava voando por Naxos por acidente. Eu estava indo visitar a
lindíssima e deslumbrante Reo, a filha mais velha do rei, por quem eu
por acaso estava apaixonado.
Nenhuma das duas garotas era Reo, e
sim suas irmãs mais novas, Parteno e Hemiteia. Mesmo assim, acho que Reo
não ia gostar nada de saber que eu não tinha ajudado as irmãs dela no
caminho para nosso encontro. Ei, gata. Acabei de ver suas irmãs serem
perseguidas até um penhasco e caírem em direção à morte. Quer ver um
filme ou comer alguma coisa?
Mas, se eu ajudasse as irmãs dela,
contra a vontade do pai homicida e na frente de uma multidão de
testemunhas, isso exigiria intervenção divina. Teria que preencher
formulários, reconhecer firma, as três Parcas ainda exigiriam tudo em
três vias.
Enquanto eu pensava no que fazer,
Parteno e Hemiteia chegaram ao precipício. Elas devem ter percebido que
não tinham para onde ir, mas mesmo assim continuaram correndo a toda
velocidade.
— Nos ajude, Apolo! — gritou Hemiteia. — Nosso destino está em suas mãos!
E então, de mãos dadas, as duas irmãs pularam no abismo.
Uma demonstração tão forte de fé... Fiquei até sem ar!
Eu não podia deixar que se
espatifassem depois de terem confiado a vida a mim. Se fosse Hermes?
Claro, ele talvez as tivesse deixado morrer. Teria achado hilário.
Hermes era um safado sádico. Mas Apolo? Não. Eu tinha que honrar tanta
coragem e estilo!
Parteno e Hemiteia não chegaram a
encostar na água. Eu estiquei as mãos e atingi as garotas com um raio
poderoso, impregnando nelas parte da minha força vital divina. Ah, era
de causar inveja a qualquer um! Cintilando e se esvaindo em um brilho
dourado, cheias de calor e poder recém-descoberto, elas flutuaram em
direção ao céu em uma nuvem de purpurina no melhor estilo Sininho.
Não é uma coisa pequena transformar
alguém em deus. A regra geral é que o poder flui para baixo, então
qualquer deus pode teoricamente fazer um novo deus de poder menor do que
o dele.
Mas isso requer sacrificar parte da própria divindade, uma pequena quantidade do que torna você você, então os deuses não concedem um favor desses com frequência. Quando fazemos, geralmente criamos só os menores dos
deuses, como fiz com Parteno e Hemiteia: só o pacote básico de
imortalidade com poucos adicionais. (Se bem que acrescentei garantia
estendida, porque sou um cara legal.)
Exultando de gratidão, Parteno e Hemiteia voaram para se encontrar comigo.
— Obrigada, Lorde Apolo! — disse Parteno. — Ártemis mandou você?
Meu sorriso vacilou.
— Ártemis?
— Ah, deve ter mandado! — disse Hemiteia. — Quanto estávamos caindo, oramos: “Nos ajude, Ártemis!”
— Não — falei. — Vocês gritaram: “Nos ajude, Apolo!”
As garotas se entreolharam.
— Hã... acho que não, meu senhor — disse Hemiteia.
Eu tinha certeza de que ela
dissera meu nome. Mas, pensando bem, talvez eu tenha presumido, e não
ouvido de fato. Nós três nos encaramos. Aquele momento em que você
transforma duas garotas em imortais e descobre que elas não pediram para
você fazer isso... Que climão.
— Bom, não importa! — disse
Hemiteia, com alegria. — Nós temos uma dívida enorme com você, e agora
estamos livres para seguir os desejos do nosso coração!
Eu estava esperando que ela dissesse: Servir Apolo por toda a eternidade e levar para ele uma toalha quente com aroma de limão antes de cada refeição!
— Sim, nós vamos nos juntar às Caçadoras de Ártemis! — disse Parteno. — Obrigada, Apolo!
Elas usaram seus novos poderes para
se vaporizarem, me deixando sozinho com uma multidão furiosa gritando e
balançando os punhos para o mar.
O pior de tudo? A irmã das garotas, Reo, rompeu comigo uma semana depois.
Ao longo dos séculos, vi Hemiteia e
Parteno de tempos em tempos no cortejo de Ártemis. Em geral, nós nos
evitávamos. Transformá-las em deusas menores foi um daqueles erros
benevolentes sobre os quais eu não queria escrever músicas.
Sutil como a luz que entrava pelo vitral da Estação Intermediária, minha visão saiu de Naxos e me transportou para outro lugar.
Eu me vi em um apartamento amplo de
ouro e mármore branco. Atrás das vidraças e da varanda gigantesca,
sombras da tarde inundavam os vales de arranha-céus de Manhattan.
Eu já tinha estado ali. Não importava para onde minhas visões me levavam, eu sempre parecia voltar para essa cena de pesadelo.
Reclinado em um divã dourado, o
imperador Nero estava horrivelmente resplandecente em um terno roxo,
camisa azul-pastel e sapatos pontudos de couro de jacaré. Na barriga
considerável, ele equilibrava um prato de morangos, colocando um de cada
vez na boca, o dedo mindinho sempre levantado para exibir o diamante de
cem quilates.
— Meg... — Ele balançou a cabeça,
decepcionado. — Querida Meg. Você devia estar mais animada! É sua chance
de redenção, minha querida. Você não vai me decepcionar, vai?
A voz dele era suave e gentil, como
uma nevasca intensa, do tipo que derruba linhas elétricas, faz telhados
desabarem, mata famílias inteiras.
Sentada diante do imperador, Meg
McCaffrey parecia uma planta murcha. O cabelo escuro e curto emoldurava o
rosto sem vida. Ela estava com seu vestido verde, os joelhos dobrados
na legging amarela, tênis de cano alto vermelho chutando com desânimo o
chão de mármore. Ela olhava para baixo, mas dava para ver que os óculos
de gatinho haviam se quebrado desde nosso último encontro, e uma fita
adesiva cobria as pontas de pedra nas duas articulações.
Sob o peso do olhar de Nero, ela
parecia tão pequena e vulnerável. Eu queria correr até ela. Queria
quebrar aquele prato de morangos na cara sem queixo e no pescoço barbudo
de Nero. Mas só podia assistir, sabendo que essa cena já tinha
acontecido. Eu a vira acontecer várias vezes nas minhas visões nas
últimas semanas.
Meg continuou sem dar um pio, mas Nero assentiu, como se ela tivesse respondido a pergunta.
— Vá para o Oeste — disse ele. — Capture Apolo antes que ele encontre o próximo oráculo. Se não conseguir trazê-lo vivo, mate-o.
Ele dobrou o dedinho com o anel de
diamante. Havia vários guarda-costas imperiais atrás dele, e um deu um
passo à frente. Como todos os germânicos, o sujeito era enorme. Os
braços musculosos pulavam da couraça. O cabelo castanho era desgrenhado e
comprido. O rosto marcado teria sido assustador mesmo sem a tatuagem de
serpente que se enrolava no pescoço e terminava na bochecha.
— Este é Vortigern — disse Nero. — Ele vai... proteger você.
O imperador saboreou a palavra proteger, como se ela tivesse muitos significados possíveis, nenhum deles bom.
— Você também vai viajar com outro membro do Lar Imperial, só para o caso de, hã, dificuldades surgirem.
Nero encolheu o mindinho de novo.
Das sombras perto da escada surgiu um adolescente que parecia muito o
tipo de garoto que gostava de aparecer das sombras. O cabelo escuro
cobria seus olhos. Ele usava uma calça preta larga, uma camiseta preta
mamãe-sou-forte (apesar de não ser forte) e tantas correntes de ouro no
pescoço que podia sair dali e ir direto para um festival de hip hop. No
cinto havia três adagas embainhadas, duas no lado direito e uma no
esquerdo. O brilho predatório nos olhos dele sugeria que aquelas facas
não eram só decorativas.
De um modo geral, o garoto me
lembrava um pouco Nico di Angelo, o filho de Hades, se Nico fosse um
pouco mais velho, mais cruel e tivesse sido criado por chacais.
— Ah, que bom, Marcus — disse Nero. — Mostre a Meg seu destino, por favor.
Marcus deu um sorriso forçado.
Levantou a palma da mão, e uma imagem cintilante surgiu logo acima das
pontas dos dedos: uma vista aérea de uma cidade que agora eu reconhecia
como Indianápolis.
Nero colocou outro morango na boca.
Mastigou lentamente, deixando o sumo escorrer pelo queixo
insignificante. Eu decidi que, se voltasse para o Acampamento
Meio-Sangue, teria que convencer Quíron a trocar as plantações de
morango por qualquer outra fruta.
— Meg, minha querida — continuou Nero —, eu quero que você se saia bem. Por favor,
não fracasse. Se o Besta se irritar com você de novo... — Ele deu de
ombros, impotente. A voz doía de sinceridade e preocupação. — Eu só não
sei como poderia proteger você. Encontre Apolo. Submeta-o à sua vontade.
Sei que você pode fazer isso. E, minha querida, por favor, tome
cuidado quando estiver com nosso amigo, o Novo Hércules. Ele não é um
cavalheiro como eu. Não se envolva com a obsessão dele de destruir a
Casa das Redes. É só uma atividade de menor importância. Consiga logo o
que precisa e volte para mim. — Nero abriu os braços. — Aí poderemos ser
uma família feliz de novo.
O garoto, Marcus, abriu a boca,
talvez para fazer um comentário maldoso, mas, quando ele falou, foi a
voz de Leo Valdez que escutei. Lá se foi minha visão.
— Apolo!
Ofeguei. Estava de volta à Estação
Intermediária, esparramado no sofá. De pé à minha frente, franzindo a
testa de preocupação, estavam nossas anfitriãs, Josephine e Emmie, junto
com Leo e Calipso.
— Eu... eu tive um sonho. — Ainda fraco, apontei para Emmie. — E você estava lá. E... o resto de vocês não, mas...
— Um sonho? — Leo balançou a cabeça,
agora vestindo um macacão sujo. — Cara, seus olhos estavam arregalados.
Você estava deitado aí se contorcendo. Já vi você ter visões, mas não
assim.
Meus braços tremiam. Segurei a mão direita com a esquerda, mas isso só piorou as coisas.
— Eu... eu ouvi uns detalhes novos, coisas de que não lembrava antes. Sobre Meg. E os imperadores. E...
Josephine bateu na minha cabeça como se eu fosse um cocker spaniel.
— Tem certeza de que está tudo bem aí, Raio de Sol? Você não parece muito bem.
Houve uma época em que eu teria
fritado em óleo quente qualquer um que me chamasse de Raio de Sol.
Depois que assumi as rédeas da carruagem do Sol do velho deus titã
Hélio, Ares me chamou de Raio de Sol durante séculos. Era uma das poucas
piadas que ele entendia (pelo menos uma das piadas limpas).
— Estou bem — falei. — O q-que está acontecendo? Calipso, você já está curada?
— Você está apagado há horas, na
verdade. — Ela levantou a mão quebrada, que agora parecia novinha em
folha, e balançou os dedos. — Mas, sim. Emmie é uma curandeira tão boa
quanto Apolo.
— É claro que você tinha que dizer isso... — resmunguei. — Então quer dizer que estou caído aqui há horas e ninguém reparou?
Leo deu de ombros.
— Nós estávamos meio ocupados
falando de trabalho. Na verdade, acho que a gente nem teria reparado em
você agora se não fosse, hã, uma pessoa aqui que quer falar com você.
— Hum — concordou Calipso, com um olhar de preocupação no rosto. — Ele está sendo bem insistente.
Ela apontou na direção do vitral.
Primeiro, achei que estivesse vendo
pontos laranja. Mas então percebi que uma aparição voava em minha
direção. Nosso amigo Agamedes, o fantasma sem cabeça, tinha voltado.
Comentários (0)